
“Caprichoso: o livro das lendas” é o mais novo título da Editora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A obra reúne, em palavras e imagens, as lendas que encantaram o público nas apresentações do Boi Caprichoso no Festival de Parintins desde 1996, resgatando parte essencial do legado artístico e da memória cultural amazônica. O lançamento ocorreu neste sábado (13/6), no estande da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu), durante a Bienal do Livro 2025, no Rio de Janeiro (RJ).
Organizado por Diego Omar da Silveira, Thayron Rodrigues Rangel e Roberto Sena, o livro é resultado de um trabalho de pesquisa e curadoria iniciado no Centro de Documentação e Memória do Boi-bumbá Caprichoso (Cedem). Desde 2021, o centro se dedica à preservação da história e da memória da agremiação azul e branca. Com esta nova publicação, o grupo reafirma o compromisso com a valorização da identidade amazônica por meio da cultura popular.
A publicação dá continuidade ao esforço editorial que começou com “O Livro da Toada”, lançado em 2021 e reeditado em 2024. A nova obra mergulha no universo simbólico que o Boi Caprichoso tem levado à arena, revelando como essas lendas hoje ultrapassam a função de alegoria para se afirmar como expressões de uma cosmopolítica amazônica viva, plural e enraizada nas tradições orais indígenas, ribeirinhas e caboclas.
Lançamento reforça o papel estratégico da Editora UEA
Mais do que um registro histórico, o livro celebra a potência criativa das comunidades envolvidas com o Festival de Parintins, destacando a importância de documentar e divulgar o vasto legado artístico da região. Representando o reitor André Zogahib, o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Prof. Dr. Darlisom Ferreira, chama a atenção para a importância de uma obra tão representativa estar sendo lançada em um evento de visibilidade nacional.
“A Editora da UEA é um veículo estratégico e fundamental para a difusão do conhecimento produzido dentro da universidade. Nesta edição da Bienal do Livro, a UEA apresenta obras relevantes da área da cultura, projetando em um evento de alcance internacional, amplamente reconhecido e conceituado, o Festival de Parintins”, disse.
Organizador da obra e docente do Centro de Estudos Superiores de Parintins da UEA, o Prof. Dr. Diego Omar destaca que o livro é mais uma etapa de um trabalho contínuo do Centro de Documentação e Memória do Boi Caprichoso (Cedem). “Este livro dá continuidade à coleção “Bumbás de Parintins, nosso patrimônio”. Nosso foco é o trabalho de digitalização, coleta e organização dos acervos visuais do boi. Parte desse material está presente na obra, como croquis e desenhos originais das alegorias. A ideia é não parar por aqui. Já planejamos novas publicações, como o “Livro dos rituais” e o “Livro das figuras típicas”, para seguir mapeando tanto a trajetória visual quanto ideológica das apresentações do Caprichoso.
Na avaliação do professor, o volume e a complexidade do material reunido só puderam ser organizados graças ao esforço coletivo de colaboradores do Cedem. “Embora venhamos coletando material há anos, a elaboração do livro foi feita em pouco tempo, o que só foi possível com uma equipe comprometida. Destaco o trabalho do Prof. Dr. Thayron Rangel, que é coorganizador e professor de Arquivologia na UFRJ, e da Júlia Janeiro, que atuou na referenciação das imagens. E é essencial reconhecer a contribuição do jornalista Roberto Sena, outro organizador da obra, que acompanha o Festival de Parintins há muito tempo e elaborou um primeiro mapeamento das lendas que serviu de base para o livro. As bolsistas Andreyna e Karliane, do projeto de extensão “Aqui Tudo é Terra de Boi-Bumbá”, também foram fundamentais”, concluiu.
A diretora da Editora da UEA, Prof.ª Dra. Isolda Prado, destacou a importância da presença da UEA na Bienal do Livro Rio 2025 como uma oportunidade valiosa para ampliar a visibilidade da produção cultural e acadêmica do Amazonas.
“Estamos profundamente honrados e gratos pelo apoio incondicional da gestão superior da UEA, que nos permitiu participar deste momento tão importante”, afirmou.
Patrimônio cultural
Torcedor do boi Caprichoso, o carioca Miguel da Silva Francisco Lino, 18, revelou a alegria que sentiu ao saber do lançamento na Bienal. “A cultura popular, como um todo, é uma grande paixão minha, e tudo começou por causa do Carnaval. Foi a porta de entrada para esse universo. Mais recentemente, conheci o mundo dos bois-bumbás. Já foi o suficiente para me apaixonar profundamente pelo festival, pelo Caprichoso e pela cultura amazônica. O Caprichoso é um boi que carrega fortemente a identidade amazônica, a cultura brasileira e parintinense, e leva tudo isso para o resto do país com muita beleza e potência. Hoje, me considero não só um apaixonado, mas também um exportador dessa cultura”, exclamou.